Quem recebe aposentadoria especial pode continuar trabalhando?

Quem recebe aposentadoria especial pode continuar trabalhando

Sumário

A aposentadoria especial é um direito de quem tanto trabalhou, se expondo a agentes nocivos e condições adversas por anos. Porém, muitas vezes é preciso complementar a renda do salário previdenciário, o que faz surgir a dúvida se é ou não permitido a quem se aposenta pela modalidade especial continuar trabalhando.

Para responder a essas e outras dúvidas acerca do assunto, hoje trouxemos muitas dicas e informações. Leia até o final e entenda.

O que é aposentadoria especial?

A aposentadoria especial é um benefício previdenciário concedido aos trabalhadores que exercem atividades laborais em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. Essas condições podem incluir exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos nocivos, bem como a situações de risco, como trabalho em altura ou em ambientes insalubres.

Para ter direito à aposentadoria especial, o trabalhador deve comprovar, por meio de documentos específicos, que esteve exposto a essas condições por um período mínimo de tempo, que varia conforme a atividade desempenhada. Geralmente, os períodos exigidos são de 15, 20 ou 25 anos de contribuição, dependendo do grau de risco.

Uma das principais características da aposentadoria especial é a possibilidade de se aposentar com menos tempo de contribuição em comparação à aposentadoria comum. Isso ocorre porque o desgaste físico e mental causado pelas atividades insalubres ou perigosas justifica a redução do tempo necessário para a concessão do benefício.

Como a Reforma da Previdência afetou a aposentadoria especial?

A Reforma da Previdência, implementada pela Emenda Constitucional n.º 103/2019, trouxe mudanças para a aposentadoria especial. Antes da reforma, não havia exigência de idade mínima para a concessão desse benefício, bastando comprovar o tempo de contribuição em atividades insalubres ou perigosas. Com a reforma, foi introduzida uma idade mínima, variando conforme o grau de risco da atividade: 

  • 55 anos para atividades de alto risco;
  • 58 anos para risco médio;
  • 60 anos para risco baixo.

Além disso, a reforma alterou o cálculo do benefício. Agora, o valor da aposentadoria especial corresponde a 60% da média de todos os salários de contribuição, acrescido de 2% para cada ano que exceder 20 anos de contribuição para homens e 15 anos para mulheres.

Quais são as atividades consideradas insalubres ou perigosas?

Atividades insalubres são aquelas que expõem os trabalhadores a agentes nocivos à saúde, como produtos químicos, poeiras, ruídos excessivos, radiações ionizantes e temperaturas extremas. Essas condições podem causar danos à saúde acima dos limites permitidos por lei. Exemplos incluem trabalhos em fábricas de produtos químicos, mineração, fundição e hospitais, onde há exposição a agentes biológicos.

Já as atividades perigosas são aquelas que colocam os trabalhadores em risco de acidentes graves ou fatais. Isso inclui trabalhos com explosivos, inflamáveis, eletricidade de alta tensão e segurança patrimonial, onde há risco de violência física. Profissões como bombeiros, eletricistas, seguranças e trabalhadores em plataformas de petróleo são bons exemplos de atividades perigosas.

Ambas as categorias de atividades exigem medidas de proteção rigorosas para minimizar os riscos e garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Além disso, os trabalhadores nessas condições têm direito a adicionais de insalubridade ou periculosidade, conforme previsto na CLT.

É possível continuar trabalhando após receber a aposentadoria especial?

Sim, é possível continuar trabalhando após receber a aposentadoria especial, mas com algumas restrições. Isso porque a legislação brasileira permite que o aposentado especial trabalhe, desde que não seja na mesma atividade que gerou o direito à aposentadoria especial. 

Na prática, isso significa que o aposentado não pode continuar em funções que envolvam exposição a agentes nocivos ou condições de risco que justificaram a concessão do benefício.

Por exemplo, um trabalhador que se aposentou por exercer uma atividade insalubre em uma fábrica não pode continuar trabalhando na mesma função ou em outra que apresente riscos semelhantes. No entanto, ele pode buscar emprego em áreas que não envolvam esses riscos, como funções administrativas ou outras atividades que não comprometam sua saúde.

O que diz a legislação sobre trabalhar após a aposentadoria especial?

A legislação brasileira estabelece que, após a concessão da aposentadoria especial, o beneficiário não pode continuar trabalhando em atividades que envolvam exposição a agentes nocivos ou condições de risco. Essa regra está prevista no artigo 57, parágrafo 8º, da Lei n.º 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Segundo a lei, se o aposentado especial retornar a uma atividade insalubre ou perigosa, ele perderá o direito ao benefício.

Além disso, o artigo 46 da mesma lei reforça que o aposentado por invalidez que retornar voluntariamente ao trabalho terá sua aposentadoria cancelada. 

Portanto, embora o aposentado especial possa continuar trabalhando, ele deve buscar funções que não apresentem os mesmos riscos à saúde, garantindo assim a manutenção do benefício e a sua integridade física.

Quais são as consequências de continuar trabalhando em atividades insalubres ou perigosas?

Continuar trabalhando em atividades insalubres ou perigosas após a concessão da aposentadoria especial pode trazer sérias consequências. Primeiramente, há o risco de perder o benefício da aposentadoria especial, conforme a legislação estabelece. Isso ocorre porque a aposentadoria especial é concedida justamente para proteger o trabalhador dos danos à saúde causados por essas condições adversas.

Assim sendo, é importante que os trabalhadores aposentados em condições especiais busquem alternativas de emprego que não envolvam os mesmos riscos, para garantir assim a preservação de sua saúde e o recebimentodo benefício previdenciário.

Quais são os direitos e deveres do aposentado especial que continua trabalhando?

O aposentado especial que decide continuar trabalhando tem direitos e deveres específicos. Entre os direitos, ele mantém os mesmos benefícios trabalhistas dos demais empregados, como férias, décimo terceiro salário, FGTS, e intervalos para descanso e alimentação. Além disso, ele pode sacar mensalmente o saldo do FGTS, sem precisar esperar o término do contrato de trabalho.

Por outro lado, o aposentado especial tem o dever de não retornar a atividades que envolvam exposição a agentes nocivos ou condições de risco, conforme já vimos. Caso contrário, ele pode perder o direito à aposentadoria especial. Além disso, ele deve continuar contribuindo para o INSS se estiver exercendo atividade remunerada, mesmo após a aposentadoria.

Portanto, agora que você sabe que quem recebe aposentadoria especial pode continuar trabalhando, mas sob condições, coloque essas dicas em prática e não corra o risco de perder o benefício.

Leia também: Quem precisa fazer planejamento previdenciário?

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